segunda-feira, 25 de julho de 2011

O dom do Amor

Particularmente, penso que é normal de um adolescente querer morrer, achar que sua vida é a pior do mundo, chamar atenção, errar diversas vezes e não aprender, reclamar da família, do feriado, da viagem, do latido do cachorro do vizinho, de acordar cedo, de estudar, e por fim, de amar. Resolvi não me comparar, não dessa vez. Eu diria que já pensei em morte diversas vezes, que já doeu demais. Diria também que me peguei com pensamentos um tanto quanto frios ao caminhar pela rua ou ao olhar da janela do terceiro andar. Desde pequena, quando vejo aquelas lanças de proteger portão, tenho vontade de enfiar os olhos de alguém ali, ou até mesmo os meus, só pra saber o que é dor. Dor de verdade. Agora a história começa a partir da minha infância, quando eu estava no ensino fundamental, sentava em um canto ali próximo da diretoria da escola onde eu estudava, para escrever poemas. Eram tristes. Eu os considerava góticos e tudo o mais. Hoje eu leio e percebo a falta de experiência, mas que doía, e doía tanto! Eram palavras sinceras, apesar da escrita e do desabafo mal feito. Pensei por todo o tempo que vivi, até os dias atuais, quando é que essa tristeza iria passar. Ela passou. De outra forma, obviamente, senão eu não pensaria nisso ainda. Mas o presente daquela época me fez mudar e viver um pouco mais, bastou a distância de tudo o que me fez crescer pra eu ver o quanto aprendi. As vezes sinto que deveria fazer o mesmo com o que vivo nos dias de hoje. Mas ainda falta um semestre inteiro pra eu acabar o ensino médio e assim, me livrar de alguns fantasmas. A questão é: Todos os dias eu penso que estou doente, me encontro em pensamentos bons e ruins, e me perguntando se sou uma pessoa verdadeira ou falsa, se vivo de aparências ou de ações, de vida ou para a vida. Eu sei que enlouqueci quando me encontro de frente ao espelho, acabando em lágrimas e gritos silenciosos, esfregando as mãos na pele molhada e pedindo pra tudo isso acabar. E de repente, eu tô na rua com meus amigos, sorrindo, vivendo. E não me considero bipolar, me considero alguém que tenta, mesmo pensando que tudo é em vão. Afinal, nada é em vão, certo? Ir à um lugar onde eu não quero ir, não é em vão, algo bom pode acontecer (Mesmo que meu pensamento seja ruim, mesmo que não aconteça).
Acabei por resumir demais o que mentalmente eu sinto, nem soube explicar. O problema é que são 365 dias em cada ano, e já se passaram dezessete anos, é o suficiente pra alguém enlouquecer ou amadurecer, não acham? Espero que tudo se estabilize o quanto antes, pois não aguento mais o orgulho tomando conta de mim toda vez que minha mãe perde o juízo (o mesmo que eu perco sozinha na frente do espelho), sei que ela não aguenta dar os passos suficientes para chegar até o banheiro e descontar ali sua ira e desgosto, e é assim com todos que passam ao nosso redor, sei que é, não preciso conhece-los ou conviver sob o mesmo teto pra entender que todos possuem suas dores e tristezas. Alguns se dão bem na arte de esconder. Outros não precisam esconder, pois são tão puros que conseguem ver a beleza sem lembrar do rancor. Tem gente que nasceu pra sofrer. Tem gente que nasceu pra amar sozinho. E principalmente, tem gente que nasceu pra curar. Espero que eu tenha nascido pra curar porque é assim que pretendo encontrar meu caminho, e dar caminho à alguém, e ser feliz, ter o dom do amor.

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