sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Os melhores dias até os dias atuais

Esses tempos não foram fáceis, a única contagem que conta na mente é a das faltas que tenho na escola e a única vontade que eu tenho de sair de casa é zero. Nisso eu sei que estou perdendo grandes momentos, chances e vitórias, pois é... Antes a infância era tão feliz, e caminhar por aí era tudo o que eu precisava fazer, subir em cima do skate de um garoto que eu conheci jogando basquete e descer o museu segurando uma pipóca doce na mão era o necessário pra sorrir, e hoje, pra pensar em subir em um skate eu preciso pensar se ainda tenho equilíbrio, se terei onde andar, se não irei cair, machucar, doer. Eu tenho precaução demais. Eu tenho tanta precaução que esqueço de viver.
O vinho barato que o tio vendia na esquina bastava pro meu porre e vômito em plenas nove horas da noite em um feriado qualquer, não, não era um feriado qualquer, na verdade, era aniversário da minha mãe também. E eu não estava nem aí, porque no fundo tudo sempre dava certo, sempre aparecia uma alma caridosa pra me oferecer uma pizza e uma coca-cola vindas da pizzaria da esquina, único comércio aberto no dia da independência - Sem contar a carona que apareceu após uma ligação rápida. Eu chegava em casa segura e com o cadarço do tênis lambusado de vinho, eu nem me preocupava em lavá-lo, o mesmo tênis do porre está ainda hoje na sapateira e com o cadarço seco, a mancha ali porém fraca, pois nunca o lavei.
O vinho barato outros dias dava espaço pro narguile comprado na 25 de março de um gordo com cara de tarado, e daí que ele poderia ser perigoso? Entramos ali na loja, encomendamos, voltamos dias depois e fumamos pela primeira vez com a essência e carvão que vieram da mesma loja, sentamos, deitamos, bebemos um pouco mais de vinho enquanto a essência fervia em nossos pulmões, homens estranhos apareciam e sentavam pra conversar e oferecer cerveja, sem camisa, um skate na mão as vezes, assuntos divertidos e rostos que hoje não sou capaz de lembrar, e anoitecia e resolvíamos voltar para a casa pois no dia seguinte haveria aula. Tudo bem, meninos bonitos também nos chamavam atenção e oferecer da minha essência aos outros era algo agradável, era sociável demais com estranhos, então subíamos a ladeira e logo menos eu me encontrava mal no colo de alguém, amiga, namorada, namorado, desconhecido... tantas vezes que se bobear até cachorro me segurou pela fuça nesses dias. Não pense, por favor, que todos esses dias foram de pura sacanagem... O museu era, além da Casa de Cultura Chico Science, a segunda casa e lugar onde eu me inspirava e compunha canções sobre o bem-estar ou o amor (aquelas belas canções que teimavam em copiar o ForFun, Fresno ou o Simple Plan), nós ali, sentavámos ao lado da pequena casa branca de portas azuis, acendíamos o narguile e começávamos a escrever grandes histórias dentro de nossos cadernos, e de repente, aparecia um guarda perguntando nossa idade: Doze anos, senhor - Então apague isto, e guarde, isso lá é idade pra fumar?. Tudo bem, eram dias felizes. Eu sinto saudades.

Laís Fernandes, Guilherme Faria e Thais Alves, tudo bem, sempre tinha mais gente com a gente... Mas vocês marcaram demais, muito obrigada pelos anos de 2006 e 2007.





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