quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Querido diário,



Querido blog,
tenho um desabafo de dias atrás pra te contar.

Eu faltei na escola quinta-feira passada, eu estava nervosa e não conseguia nem ao menos dormir, levantei, estava com muita cólica então decidi por faltar na escola, sentei-me no sofá e abri o caderno, comecei a escrever.
"Mãe, eu preciso te contar quem eu sou... é a única forma de você conhecer tua filha de verdade" e assim, vinte minutos depois, minha mãe acordou, eu estava na metade da carta. Eu disse: Não me xinga, eu tenho uma explicação. Mas não bastou o pedido, e nem explicação alguma, ela só pensava em gritar e reclamar de tudo que eu havia feito durante o ano inteiro. Pois bem, voltei pro sofá e resolvi terminar a carta, mas ela perguntou que é que eu estava fazendo, e eu disse que era uma carta e que era pra ela, na irônia, ainda chamei ela de "bonita", e ela mostrou um lado pior ainda, disse que não iria ler carta alguma e que eu não era mulher o suficiente pra dizer algo na cara dela. Mas tudo bem, fechei o caderno e fui pro quarto, deitei na cama onde estou agora, e cobri o rosto enquanto ela acaba comigo mentalmente. Depois de muito tempo ela se acalmou, pediu um abraço, eu pedi pra me deixar em paz pois queria chorar sozinha, ela tentou arrancar o cobertor de mim, eu me enrolei nele com mais força ainda e ela desistiu. A hora que eu menos desejava, aconteceu. Ela perguntou se minha "amiga" não queria mais ficar comigo. Isso significava que ela já sabia de tudo, mas eu discordei, ela disse que eu sabia do que ela estava falando e eu apenas concordei. A carta não era de assunto pleno, porém, dizia também sobre meu envolvimento com drogas aos doze e treze anos, ela disse que iria ler a carta dessa vez mas ao ir trabalhar não pegou a carta. Durante a tarde ela me ligou, pediu pra eu contar sobre o que era a carta e eu liberei apenas o lance das drogas. Tudo bem, ela se sentiu uma mãe ausente e incapaz, mas a culpa não foi dela, eu nunca usei drogas por falta de afeto familiar. Ao chegar em casa ela veio conversar sobre homossexualidade, e eu contei que estava namorando com uma garota, e que não sei se sou lésbica, mas que tenho certeza de que amo a Thais. Ela riu, me chamou de boba e disse que sabia disso há muito tempo, e que meu pai também. Minha mãe disse que queria conhecer logo quem era a menina que tomou conta do meu coração, pois bem, chamei ela pra dormir em casa no dia seguinte. O dia seguinte parecia não chegar. Sexta-feira a noite, os pais dela a trouxeram aqui em casa depois da escola, minha mãe abraçou minha cintura e disse a eles que a filha deles era bem-vinda, mesmo sem eles saberem, aliás, eles sabem mas fingem que não sabem. Eu entrei em casa desesperada na frente, de tão nervosa que estava, elas entraram atrás de mim. Eu encostei na pia e olhei pro teto, contei até dez e elas estavam na minha frente. Mostrei minhas cachorras... E minha mãe mostrou suas plantas. E deu tudo certo. E meus pais amaram a minha namorada, e ela passou o final de semana inteiro comigo... E no domingo de manhã meu pai cobriu a gente e comentou com a minha mãe: Será que elas estão com frio? - Ainda acho que ele gostou dela por ela ter tido paciência pra tocar violão com ele!

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