sábado, 14 de janeiro de 2012

Estação



O vento atrapalha a cortina obrigada a estar em frente à janela, se ao menos ela pudesse se afastar além dos trinta centímetros que consegue levantar quando o bendito teima em entrar dentro dos cômodos de casa - Ah, se ela pudesse! - Me perdoe. Sentei-me no colchão sujo de suor, e ao mesmo tempo tão limpo dos pensamentos positivos da noite anterior... É, meu amor, não foi dessa vez. Será que alguém lembra daquele verso de Vinícius? - E que seja infinito enquanto dure - Faço uma breve modificação - E que seja eterno enquanto dure - Pois bem, eternizou-se o tempo em que o beijo ocorreu, é impossível apagar do tempo o que ali existiu, não podemos apagar da memória e mesmo quando a morte nos tocar, nossos momentos estarão ali, eternizados. Estou precisando de alguém que não precise de mim, aliás, não estou precisando de ninguém. Eu não preciso de alguém que me complete no que falta, pois enlouquece e afasta nossas verdades. Eu preciso de complemento, posto que sou completa.
Peço perdão, meu amor, por ter colocado acima de você a necessidade própria e tê-la deixado colocar sobre mim o peso dos seus pés, deveríamos andar lado a lado invés de andar um pé sobre o outro. Deveríamos pensar juntamente, somos incapazes. Não somos almas-gêmeas. Somos a sorte e o azar, somos o amor e o ódio, a vaidade e a preguiça, em ordem desimportante, amei-te por igual a mim.
Nosso amor seria azul, se nos aceitássemos como somos.

Eu sou assim, uma pessoa abobada e sem preocupação, que abriu a boca diversas vezes e falou besteira numa mesa qualquer ou sentada num chão por aí. E você é assim, uma pessoa indescritível, mas que posso afirmar ser o contrário de mim. Não me culpe por não ser quem sou ao seu lado, pois sempre que me foi pedido para ser quem eu sou independente de qualquer, tive pouca ou quase nenhuma compreensão. Sou fria, sofria. Boa noite, e que mudem as estações, mas nunca o que se eternizou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário