
Talvez seja verdade, talvez em outra realidade, mas seja. Consigo lembrar de seu rosto como se houvesse acontecido, eu lembro do desgosto vindo da sua voz e do seu lugar guardado dentro de um porão, me sinto inútil por isso, nunca foi de meu feitio te magoar, nunca. Então eu lembro de ter subido a rua, lembro das mãos daquele rapaz me empurrando pra dentro do carro, palavras imundas, mãos percorrendo o corpo ainda virgem, não houve nada, a sorte pairou.
Ela estava dentro de casa com o bebê no colo, pedi para que fosse embora o quanto antes, para qualquer direção que afastasse aquele maldito da criança, de nós.
Noite que não tem fim, ruas que me enganavam e levavam-me para o mesmo lugar, eu queria chegar em casa e dizer que nada de ruim aconteceu mas eu lembro da tristeza no seu olhar, tudo me leva ao maldito porão, aquele onde o sonho começou...
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